terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cercosporiose (Cercospora apii) incidente em folhas de salsinha (Petroselinum crispum Mill.)

Cercosporiose (Cercospora apii) incidente na salsinha (Petroselinum crispum Mill.)

Luciano Nogueira1 e Milton Luiz da Paz-Lima2

1 Acadêmico do Curso de Agronomia

2 Professor do Curso de Agronomia

A salsinha (Petroselinum crispum Mill) Nyman ex A.W. Hill) é uma hortaliça folhosa bem conhecida e cultivada em grande parte do Brasil. Atinge sua importância econômica, não pelo volume ou valor de comercialização, mas pela utilização comercial como condimento, sendo comercializada para consumo in natura, isolada ou em conjunto com a cebolinha (Allium fistulosum L.) conhecido como “cheiro verde”, além de serem também utilizados nas indústrias alimentícias, cosméticas e recentemente na medicina alternativa. São culturas altamente perecíveis, de ciclo curto, susceptíveis a vários patógenos (Rodrigues et al., 2010).

A salsinha forma uma roseta empenachada de folhas muito divididas, alcança 15 cm de altura e possui talos floríferos que podem chegar a exceder 60 cm com pequenas flores verdes amareladas. As folhas de todos os tipos de salsa são ricas em vitaminas A, B1, B2, C e D, isto se consumidas cruas, já que o cozimento elimina parte dos seus componentes vitamínicos (Rodrigues et al., 2010).

O gênero Cercospora Fresen. foi descrito primeiro em 1863 por Fresenius e atualmente é um dos maiores gêneros e um dos mais heterogêneos dos Hyphomycetes (Crous e Braun, 2003). Espécies pertencentes a este gênero de planta são fitopatogênicos e distribuídos em todo o mundo e podem causar cercosporiose na maioria das famílias de plantas mais importantes (Crous e Braun, 2003). Desde a descrição do gênero, a taxonomia das espécies tornou-se difícil porque Cercospora sp. por muitos anos tem sido um sinônimo para todos os hifomicetos dematiáceos com conídios filiformes (Pons e Sutton, 1988). JOHNSON e VALLEAU (1949) indicaram que a maioria dos fungos pertencentes ao gênero Cercospora spp. são morfologicamente uniformes e pertencem a uma única espécie de Cercospora sp. que ocorre em uma ampla gama de hospedeiros e morfologicamente é indistinguível da C. appi Fresen. O nome mais antigo disponível para este grande complexo de táxons morfologicamente indistinguíveis de Cercospora é Cercospora apii. Esta abordagem foi questionada por Chupp (1954), que afirmou em sua monografia que espécies de Cercospora são geralmente específicas. CHUPP (1954) posteriormente formulou o conceito de que "uma espécie de Cercospora é específica ao gênero ou família da planta hospedeira", esse conceito de, Chupp levou à descrição de um grande número de espécies com base no hospedeiro identificado, levando a criação de mais de 3000 nomes que foram listados por Pollack (1987). Um total de 659 espécies de Cercospora foram reconhecidos, com mais 281 sendo referidas sinonímias de C. apii. Esta decisão foi apoiada por vários experimentos de inoculação que foram realizados no complexo C. apii (Johnston e Valleau 1949; Fajola, 1978) e que levantou dúvidas quanto à especificidade do hospedeiros e existia dentro deste complexo. Até o momento apenas algumas espécies, pertencentes a C. apii foram cultivados, e os dados moleculares abordando a especificidade ao hospedeiro dentro deste complexo ainda está faltando (Crous et al., 2003). Três cenários são possíveis ao examinar a associação de espécies hospedeiras de taxas pertencentes ao complexo C. apii. O primeiro cenário é que uma única espécie de Cercospora sp. ocorre em uma ampla gama de hospedeiros, a segunda é que existem várias espécies com sobreposição de critérios morfológicos e o terceiro é que algumas espécies de Cercospora são específicas, enquanto outras não (Ellis, 1971).

A primeira evidência de que espécies distintas existem dentro do morfotipo C. apii recentemente foi publicada pela Groenewald et al. (2005). O último estudo sobre espécies Cercospora sp. isoladas a partir da beterraba (Beta vulgaris) e aipo (Apium graveolens). Características avaliadas para esses isolados incluindo morfologia, características culturais e exigências de temperatura para o crescimento. Estes dados foram complementados com análises de fragmentos amplificados de polimorfismo e análise filogenética com cinco genes diferentes. Groenewald et al. (2005) mostraram que três espécies distintas de Cercospora existe, incidindo sobre as folhas, de beterraba sacarina ou aipo, ou seja, C. beticola de beterraba açucareira, C. apii tanto de beterraba, aipo, salsinha e uma terceira que foi isolada do aipo na Venezuela e Coréia (Lacy et al., 1996).

Em sua monografia do gênero Cercospora Fresen., Chupp aceita 1.419 espécies. No total, mais de 3.000 espécies de Cercospora têm sido descritas, das quais 659 estão atualmente reconhecidas (Groenewald, 2005). Geralmente, as espécies de Cercospora são consideradas o ser determinado (Ellis, 1971) ao nível da planta do gênero ou família; seu conceito levou à descrição de um grande número de espécies. Várias espécies de Cercospora, que são morfologicamente distinguíveis de C. apii Fresen., foram colocados no complexo C. apii (Crous et al., 2003). Estudos de inoculação cruzada revelaram que isolados do complexo C. apii podem infectar uma ampla gama de hospedeiros, incluindo Apium graveolens (aipo) e Beta vulgaris (Beterraba) (Pongpanich et al., 1998; Crous et al., 2003). Em sua revisão do gênero Cercospora, Chupp (1954) refere 281 espécies morfologicamente distinguíveis para o complexo C. apii. Recentes análises genéticas de Cercospora spp. mostraram principalmente em seqüências dos espaçadores internos transcritos (ITS) de DNAr e no gene 5.8S do DNAr. Esses estudos revelaram que maioria das espécies de Cercospora, em especial os membros do complexo C. apii, são idênticos ou muito estreitamente relacionados (Hillis,1993). A julgar pela sua semelhança morfológica, bem como sua comprovada infectividade cruzada, é provável que as espécies do complexo C. apii devam ser consideradas sinonímias. Espécie considerada como representante de C. apii seja lato sensu falta um teleomorfo conhecido. Embora o gênero Cercospora seja bem estabelecido anamorfo do gênero Mycosphaerella (Hillis, 1993; Lartey, 2005), apenas uns poucos teleomorfos foram elucidados através dos estudos culturais (Lartey, 2005). As análises filogenéticas entre todas as espécies de Cercospora spp. isolados até o momento foram agrupadas claramente ao teleomorfo representado por Mycosphaerella sp.. Portanto, se um teleomorfo vier a ser encontrado para C. apii, deve ser uma espécie de Mycosphaerella sp. (Hillis, 1993).

No Brasil a doença já foi encontrada em mamoeiro (Carica papaya) L. no Estados do Ceará, em Agastache rugosa, Amaranthus sp. L. , Angelonia sp. Humb. & Bonpl., Anthurium sp. Schott, Apium graveolens Cham., Castilla elastica Sessé in Cerv., Chenopodium ambrosioides L., Citrullus vulgaris Schrad. ex Eckl. & Zeyh., Cucumis melo L., Hydrocotyle sp. L., Malpighia emarginata DC, Malpighia sp. Plum. ex L., Petroselinum hortense Hoff, Physalis sp. L. , Pueraria hirsuta Kurz, Raphanus sativus L., Senna alata Roxb, Senna occidentalis (L.), Spigelia anthelmia L., Tagetes sp. L, Terminalia catappa L., Verbena sp. L., Vigna unguiculata (L.) Walp., nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Sergipe,encontrada hospedada em Apium graveolens L. var. dulce (Mill.), Apium rapaceum Mill., Carica papaya L.,e no Distrito Federal relatos de que a doença foi encontrada hospedada em plantas de, Vitex agnus-castus Kurz, Wedelia paludosa DC. e Zinnia elegans Jacq. (Cenargen, 2010). No mundo o fungo C. apii apresenta maiores freqüências nos seguintes países: China, Tanzânia, Coréia, Moçambique, Paquistão, Panamá, Estados Unidos, África do Sul, Uganda; Cercospora apii var. petroselini - (Passalora punctum): Itália (Farr & Rossman, 2010).

A principal doença que ocorre nas apiáceas pode causar a redução na produção, uma vez que a área foliar é utilizada principalmente na culinária, mais os prejuízos podem ser reduzidos, quando medidas de controle são utilizadas (Kimati et al., 2005).

No entanto, a predominância e a intensidade da doença varia com a localidade e as épocas de plantio (AGROFIT, 2010).

Este trabalho teve como objetivo estabelecer as principais características do agente causal da cercosporiose da salsinha e ainda estabelecer os principais aspectos que permitem distinguir a doença como sintomatologia, epidemiologia, etiologia e as formas de controle para a doença.

As amostras das folhas da salsinha apresentando sintomas de manchas foliares, foram coletadas na cidade de Paranaguá, no estado do Paraná no dia 03/09/10.

Logo após as amostras foram trazidas para o Instituto Federal Goiano campus Urutaí e conduzidas ao Laboratório de Microbiologia, para serem analisadas no microscópio estereoscópio. As amostras onde se observou maior quantidade de sinais foram analisadas preparando lâminas através do método de “pescagem direta”, as que apresentavam as estruturas do patógeno foi feito o preparo de lâminas com cortes histológicos, para observação da interação patógeno - hospedeiro. Ambas as lâminas foram preparadas utilizando fixador a base de azul-de-metileno, após o preparo das mesmas estas foram vedadas com base (esmalte) para a conservação do material, sendo posteriormente analisadas em microscópio óptico, onde foram realizados registros de macro e microfotografia digital utilizando máquina digital (Sony CANON Power Shot A580). Foram realizadas medicões de Comparação de caracteres morfológicos e morfométricos do isolado, encontrado com os critérios estabelecidos para Cercospora appi obtidos por outros autores como: tamanho da lesão, dimensões do estroma, dimensões dos conídio e número de septos transversais. As fotos, contendo diferentes estruturas do fungo Cercospora sp., e os sintomas da doença nas folhas, foram organizadas em uma prancha de fotos, sendo as mesmas identificadas.

Hospedeiro/cultura: Petroselinum crispum (Mill.) Nyman ex A.W. Hill.

Família Botânica: Apiaceae

Doença: Cercosporiose

Agente Causal (Anamorfo): Cercospora apii Fresenius, Beitr. Mykol.

Local de Coleta: Paranaguá - PR

Data de Coleta: 03/09/2010

Taxonomia: A forma teleomórfica pertence ao reino Fungi, Divisão Ascomycota, classe Dothideomycetes, ordem Capnodiales, família Mycosphaerellaceae, gênero Mycosphaerella sp. O anamorfo pertence ao Reino Fungi, grupo incerto dos Fungos Mitospóricos, sub-grupo Hifomicetos (Index Fungorum, 2010).

Sintomatologia:

Os sintomas primários da cercosporiose da salsinha podem ser observados em torno do décimo dia após a deposição do inóculo, na forma de pequenas manchas cloróticas, ovóides a elípticas sendo que os primeiros sintomas são pequenas manchas amarelas que ampliadas, apresentam manchas castanho-acinzentadas, que podem medir (1-2 mm). Com mais alguns dias, as áreas afetadas se tornam lesões necróticas, sendo estas lesões castanhas se tornando escuras depois (Fig. 1A) e circulares nas rosetas (Fig. 1B). Em condições úmidas, as lesões tornam-se cinza claro e distorcido quando o patógeno esporula. A manifestação dos sintomas começa nas folhas da face inferior, progredindo para as mais novas. Nos pecíolos e ramos, observam-se lesões menores, ovais a alongadas, com margens bem distintas, no sentido do comprimento desses órgãos. As lesões são geralmente menor (1 a 3 mm de diâmetro) (Fig. 1B), de contornos mais uniformes, hilo amarelado indistinto e desenvolve frutificações do patógeno na superfície abaxial das rosetas e marrom escuro na superfície adaxial (Fig. 1AB), sendo que as folhas severamente afetadas caem com facilidade, o que redunda em diminuição da área fotossintética e, portanto atingindo diretamente o desenvolvimento das plantas e afetando a qualidade do produto. Por ser uma cercosporiose, quando as cultivares são suscetíveis e sob condições ambientais favoráveis, ocorre a coalescência das lesões e queda prematura das folhas afetando diretamente o cultivo da salsinha (Kimati et al., 2005). As manchas cloróticas e os halos amarelados são sintomas pleisonecróticos, as manchas de coloração castanha ou negra constituem sintomas holonecróticos e as frutificações do patógeno são os sinais da doença (Koike et al., 2003).

Etiologia:

O agente causal da cercosporiose da salsinha, Cercospora apii (Frensen) [sinonímias: Cercospora apii Fresen., Beitr. f. apii Cercosporina apii (Fresen.)], (Index Fungorum, 2010).C. apii é um patógeno saprófita facultativo, pois passam a maior parte de seu ciclo parasitando seu hospedeiro. Este fungo produz conídios (Fig. 1GI) e conidióforos hialinos (Fig. 1E), são multicelulares, os esporos são septados do tipo filiformes medindo (22-290 x 3,5-4,5 μm) e reunidos em fascículos densos de conidióforos castanho em feixes de três ou mais conidióforos (Fig. 1H), principalmente na parte abaxial das plantas (Koike et al., 2003). As comparações das diferentes medidas das estruturas fúngicas podem ser observadas na (Tabela 1).

O fungo C. apii ocorre comumente nas lesões no seu estágio imperfeito, ou seja, na fase anamórfica, sendo o estágio ascógeno ou teleomórfico descrito como sendo Mycosphaerella sp., raramente encontrados e não tendo sido ainda relatado no Brasil (Koike et al, 2003). O fungo C. apii sobrevive de uma estação para outra principalmente nos restos de cultura, na forma de micélio estromático (Fig. 1H) e de conídios. Estes, quando nos restos de cultura, são capazes de permanecer viáveis por um tempo superior a 12 meses (Crous e Braun, 2003).

Tabela1 - Comparação de caracteres morfológicos e morfométricos do isolado encontrado com os critérios estabelecidos para Cercospora appi obtidos por

outros autores.

Caracteres morfológicos e morfométricos

Espécimen em estudo

Chupp (1954)

Deighton (1976)

Tamanho da lesão (mm)

2-5

2-6

1-5

Dimensões do estroma (µm)

15-30

n/d

n/d

Dimensões do conidióforo (µm)

30-10x2-7

5-400x3-4

200-250x3-5,5

Dimensões dos conídios (µm)

24-99x4-8

20-80x4-7

24-99x4-8

Conídio

Presente

Presente

n/d

Número de septos transversais (µm)

2-7

1-5

1-10

adaptada por NOGUEIRA, L. & PAZ-LIMA, M. L. da, 2010.

Epidemiologia:

O agente da cercosporiose da salsinha sobrevive de uma época de cultivo para outra, especialmente em restos de cultura infectados e plantas voluntárias, podendo também sobreviver como micélio em sementes por mais de dois anos (Berger, 1973). O inóculo inicial que dá início às infecções primárias pode ser produzido por estruturas de sobrevivência formadas por conídios e fragmentos de micélio produzidos nos tecidos dos restos culturais, especialmente em caules e pecíolos, juntamente com estruturas encontradas em plantas voluntárias de salsinha ou veiculadas por sementes (Gams et al., 1998). Após o início das primeiras lesões, a disseminação do inóculo, a curta distância, se dá por respingos de água, vento, insetos e movimento de fragmentos de material vegetal infectado, produzindo ciclos secundários de infecção. Ao serem depositados na superfície da planta, em condições favoráveis, dentro de cinco horas os conídios germinam, formando um ou mais tubos germinativos que irão penetrar através dos estômatos ou diretamente nas células da epiderme. Após um período de 5 a 14 dias, dependendo da espécie do fungo, do genótipo e idade das folhas da salsinha e condições ambientais surgem os primeiros sintomas (Berger, 1973; Koike et al., 2003). Tais patógenos podem ser disseminados a longas distâncias, através de estruturas fúngicas presentes na parte externa das sementes e fragmentos de plantas infectadas como contaminantes (Koike, et al., 2003). A esporulação é maior quando há pelo menos 10 horas de molhamento foliar. Os esporos são liberados durante a manhã, com a diminuição da umidade relativa do ar e posteriormente dispersas pelo vento. Esporos também pode ser disseminado por respingos de água e através de operações de campo (Berger, 1973). Os fatores que favorecem o desenvolvimento da cercosporiose da salsinha são: alta umidade relativa do ar (acima de 90-95%), temperaturas que variam de 15° C a 30o C, chuvas periódicas (maiores que 2,5 mm) sob a cultura e longos períodos de molhamento foliar, devido à alta umidade (proporcionado pelo orvalho ou pelas chuvas periódicas). A produção local de esporos é a principal fonte inicial de inóculo, visto que a disseminação ocorre só a pequenas distâncias, a não eliminação de restos culturais ou de plantas voluntárias e o plantio de cultivares suscetíveis são fatores favoráveis para estas doenças (Thayer, 1965).

No Brasil a doença já foi encontrada em mamoeiro (Carica papaya) L. no Estados do Ceará, em Agastache rugosa, Amaranthus sp. L. , Angelonia sp. Humb. & Bonpl., Anthurium sp. Schott, Apium graveolens Cham., Castilla elastica Sessé in Cerv., Chenopodium ambrosioides L., Citrullus vulgaris Schrad. ex Eckl. & Zeyh., Cucumis melo L., Hydrocotyle sp. L., Malpighia emarginata DC, Malpighia sp. Plum. ex L., Petroselinum hortense Hoff, Physalis sp. L. , Pueraria hirsuta Kurz, Raphanus sativus L., Senna alata Roxb, Senna occidentalis (L.), Spigelia anthelmia L., Tagetes sp. L, Terminalia catappa L., Verbena sp. L., Vigna unguiculata (L.) Walp., nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Sergipe,encontrada hospedada em Apium graveolens L. var. dulce (Mill.), Apium rapaceum Mill., Carica papaya L.,e no Distrito Federal relatos de que a doença foi encontrada hospedada em plantas de, Vitex agnus-castus Kurz, Wedelia paludosa DC. e Zinnia elegans Jacq. (Cenargen, 2010). No mundo o fungo C. apii apresenta maiores freqüências nos seguintes países: China, Tanzânia, Coréia, Moçambique, Paquistão, Panamá, Estados Unidos, África do Sul, Uganda; Cercospora apii var. petroselini - (Passalora punctum): Itália (Farr & Rossman, 2010).

Controle

O controle da cercosporiose salsinha pode ser alcançado com boa eficiência através de duas estratégias básicas; o uso de práticas culturais, que reduzem o inóculo inicial, retardando o início das epidemias, e da adoção de medidas que diminuem a taxa de infecção, mantendo a ocorrência das doenças abaixo do nível de dano (Ellis, 1976).

Na primeira estratégia é incluída, uso de sementes que não tem níveis significativos do patógeno. Se os transplantes são produzidos ainda no chão, deve-se girar os canteiros para evitar inóculo dos habitantes do solo. Irrigar no início do dia para permitir que a folhagem possa secar rapidamente e usar espaçamento maior entre as plantas e canteiros para melhorar a circulação do ar (Little et al., 1994).

Para a segunda estratégia de manejo, são utilizados, sobretudo fungicidas e cultivares resistentes ou tolerantes. Recomenda-se sempre que possível, as medidas complementares: escolha da época de plantio, para evitar condições favoráveis à ocorrência de epidemias e controle de ervas daninha, para diminuir a formação de microclima junto às plantas de salsinha, que favorece o desenvolvimento das doenças. O controle químico com fungicidas tem sido recomendado para o controle da cercosporiose da salsinha, ficando a escolha do produto e a forma de utilização na dependência da facilidade de aquisição e de fatores econômicos envolvidos na condução da cultura (Vestal, 1953; Kimati et al., 1995).

Ao optar pelo uso do fungicida, deve se atentar para os cuidados a fim de obter o máximo de eficiência: escolha adequada do produto, uso da dosagem recomendada, aplicação no momento adequado. Fungicidas do grupo triazol como, difeconazole (Score-0,35L/ha) e tebuconazole (Nativo-0,6 a 0,75 L/ha), ambos têm se mostrado eficientes no controle do agente da cercosporiose da salsinha além de atuarem contra outros patógenos causadores de doenças de folhagem. Outros fungicidas como chlorothalonil (Vanox 500 SC-2,5 a 3,5 L/ha), por suas características de fungicida protetor, pode ser aplicado alternadamente com difenoconazole ou tebuconazole. O chlorothalonil e o tebuconazole reduzem a germinação de esporos e a intensidade de esporulação nas lesões, mas apenas o tebuconazole é capaz de reduzir a freqüência de infecção e aumentar o período de incubação após os tubos germinativos terem penetrado nas folhas da cultura. Ainda produtos sistêmicos a base de Benomil (Cobox-2 a 2,5 Kg/ha), especialmente em mistura com fungicidas protetores a exemplo de chlorothalonil, maneb (Manzate 800 -2, 0 Kg/ha) e mancozeb (Cuprozeb-200 g/100 L de água), são sempre recomendados (Kimati et al., 1997; Lacy et al., 1996; Agrofit, 2010).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2 comentários:

  1. Olá, meu nome é Juliana e sou leiga no assunto.
    Lendo sua tese, não encontrei uma menção relacionando este fungo a algum problema de consumo, ou seja, mesmo que a planta apresente este fungo, entendo que não faz mal o consumo da mesma. O problema está relacionado ao cultivo, que acaba sendo prejudicado a produção ao longo do tempo.
    Só gostaria de saber se este meu raciocínio está correto.

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  2. Qual a resposta pode ou não consumir com este fungo!

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